terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Brasil entra no top 3 do mercado digital




Distante do epicentro da recessão econômica mundial, o Brasil é um dos mercados mais promissores para a indústria fonográfica e a música digital. A expansão das redes de banda larga e de telefonia móvel garante um aumento contínuo de consumidores. "Trata-se hoje de um mercado-chave", diz sobre o país Gabriela Lopes, diretora de marketing da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), que, recentemente, divulgou um relatório anual em tom otimista para as gravadoras.
Depois de mais de uma década de declínio, o estudo traz esperanças de recuperação. O crescimento de 8% do segmento digital, em 2011, foi recebido com entusiasmo, já que o prejuízo total de 3%, somadas as receitas físicas e digitais, é o menor nos últimos anos.

Nesse cenário, o setor no Brasil fecha o ano com faturamento de cerca de 25% superior a 2010, o que representa 20% do mercado, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). "Estamos no mesmo patamar dos mercados emergentes", afirma Cláudio Vargas, VP de novos negócios da Sony Music. A partir de 2011, Estados Unidos, Coreia do Sul e China são os primeiros a obter mais da metade de suas receitas com o segmento digital, puxando a média mundial para 32%.

"O Brasil é a coqueluche mundial porque está em ascensão, com mobilidade social, poder aquisitivo e uma população com celular na mão e apaixonada por música", diz Felippe Llerena, diretor-executivo do iMusica, pioneiro no país. Apesar da chegada tardia ao Brasil, em dezembro, os resultados iniciais do iTunes têm animado o setor. Pela primeira vez, as vendas pela internet deverão estar à frente do segmento mobile (telefonia móvel), as duas vertentes do digital. A liderança só não será folgada pelo estouro, no ano passado, do ringback tone, a música contratada para tocar enquanto a ligação não é atendida. O crescimento de 20% no número de linhas de celulares ativas, um total de 247 milhões no ano passado, demonstra a força deste mercado.

E é nele que o Oi Rdio, serviço americano lançado recentemente ano Brasil em parceria com a operadora, aposta. Apesar da base de 42,9 milhões de clientes de telefonia móvel, no entanto, "apenas" 10 milhões deste total possuem smartphones, com acesso à internet. "Mas 60% dos aparelhos hoje vendidos são smart phones", diz Roberto Guenzburguer, diretor de produtos móveis da Oi.

O crescimento do mercado digital deve acompanhar também o gradativo cumprimento da meta do Ministério das Comunicações de ampliar, até 2015, de 30% para a 70% o percentual de domicílios com internet. "Existe um leque de oportunidades enorme para empreendimentos nacionais ou estrangeiros", diz Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).

Além do iTunes, o estrangeiro Rdio também veio disputar o mercado que tinha a atuação isolada do Terra Sonora e iMusica. Ainda em 2012, Spotify e Deezer prometem iniciar as atividades por aqui. O número de assinantes do serviço de streaming (que permite ao usuário ouvir quantas músicas desejar, sem que possa transferi-las em definitivo para o seu computador) do Terra Sonora chegou a 500 mil em 2011, 40% a mais que no ano anterior, somados os seis países latinos onde atua. "No futuro, ficará comprovado que o modelo por streaming é o mais bem-sucedido", afirma Paulo Castro, diretor-geral do Terra.

Baseado no sistema de download (acesso somente aos fonogramas comprados, que podem ser transferidos para outros aparelhos), o iTunes brasileiro surpreendeu a própria Apple, em seu primeiro mês. "É impressionante verificar que um disco de 1974, 'Elis & Tom', encontra-se nas paradas dos mais vendidos da loja", diz José Éboli, presidente da Universal Music.

Com a diversificação dos produtos, há consumidor que está finalmente se acostumando com a ideia de pagar por música na rede. "Pela primeira vez, o consumo legal de música digital está mais atraente que o produto pirata", afirma Marcelo Soares, presidente da Som Livre. A qualidade inferior do arquivo digital não afeta as vendas. "A primeira parte da revolução digital foi composta pela tríade acesso, disseminação e portabilidade. Agora, é preciso acrescentar a excelência ao acorde", ressalva o músico e empresário João Marcello Bôscoli.

O relatório da IFPI afirma que legislações mais duras referentes à pirataria deram resultado na França, Coreia do Sul e Nova Zelândia. No Brasil, o índice de pirataria digital, de 44%, é bem superior ao da média mundial, de 28%. "O principal concorrente do mercado ainda é o pirata", diz Paulo Castro, do Terra.

A cargo da Associação Antipirataria Cinema e Música (APCM), a fiscalização no país concentra-se em rastrear e retirar da rede conteúdo ilegal. Porém, propostas de mudanças na legislação inexistem. Um grupo de discussão sobre o tema chegou a funcionar sob a coordenação do Ministério da Cultura, até o ano passado, sem resultados. "Pensamos em criar um sistema de alertas que informaria ao internauta quando uma infração de direito autoral estivesse ocorrendo", diz Paulo Rosa, da ABPD. "Mas acredito que temos de buscar outros modelos mais eficazes."

Ainda assim, o consumo ilegal não abala a confiança depositada na perspectiva positiva da economia brasileira, no crescimento de 7% em valores do mercado físico nacional em 2011 e na aprovação da PEC da Música, que dará isenção fiscal à atividade. Mesmo o setor independente começa a colher frutos.

"Nosso catálogo já possui nomes como Chico Buarque, Maria Bethânia e Erasmo Carlos, o que aumenta nosso poder de barganha junto aos serviços de música", afirma Luciana Pegorer, presidente da Associação Brasileira da Música Independente (ABMI). Pelo lado das majors, a expansão implicam na revisão de estratégias. "Desde 1999, me especializei em fazer cortes. Nos últimos anos, voltamos a investir, porque agora temos um horizonte", afirma Éboli, da Universal.

Fonte Valor Econômico - Nacional - NA p. 5
Autor Jeferson Ribeiro
Data de Edição 28/02/2012

domingo, 25 de julho de 2010

Faça você mesmo?!


Tenho percebido que no mercado de entretenimento e principalmente no mercado musical vem crescendo a demanda e o interesse por informações de como se tornar um profissional do meio. Entretanto, ainda vejo e fico estarrecido com certo alguns que acham que qualquer um pode trabalhar com música. Mesmo entre os artistas consagrados, talvez por quererem manter o controle ou mesmo por falta de opções "seguras", acabam escolhendo familiares ou pessoas de fora do negócio, para cuidarem de suas carreiras.

A primeira coisa que me parece antagônico e ver artistas investindo suas vidas na musica sem trata-la como business ou entender que escolheu uma carreira, como qualquer outra que necessita de empenho, estudo e muita, mas muita dedicação. Ser famoso, ganhar reconhecimento rápido apenas com o seu talento musical parecem fazer parte de um mundo glamouroso e sonhado por todas que querem um lugar ao sol. Outro dia, lendo o jornal me deparei com uma matéria sobre um musico e DJ que estava ganhando notoriedade e fiquei impressionado com a afirmação do sujeito, que em determinado momento da entrevista disse algo assim: "Eu percebi que tinha um talento, e como não tinha estudo (fiz apenas o 1º grau) poderia me dar bem na música". Outro conhecido apresentador de TV costuma dizer quando recebe seus artistas (cantores, músicos e até atores): "Você está aqui por que é o único da família que não estudou?"

Inacreditável, não é? E ainda tem gente que parece acreditar nisso.

Os meios de divulgação para música estão indo de vento e popa e por causa disso ou em razão dessa facilidade em mostrar um trabalho, os tempos exigem que hajam profissionais muito bem preparados que possam gerenciar carreiras e os novos negócios da música. As oportunidades estão fervilhando, mas os profissionais estão mesmo em falta no mercado. Há escassez de empresários especializados, administradores de carreiras e sobram divulgadores para promover trabalhos inconsistentes e mal aferidos. Como todo ramo de trabalho escolhido, o sucesso depende do nível de conhecimento adquirido e da criatividade em saber se diferenciar diante da concorrência.

Trabalhar na chamada indústria do entretenimento não é, e nunca foi tarefa para amadores. É claro que temos que começar de algum lugar e por isso quando nos preparamos para vida, procuramos nos formar numa boa faculdade, nos informar em cursos e palestras com profissionais do meio e observar os mais velhos e sábios, antes de iniciar uma trajetória própria. No negócio da música a coisa pode ficar feia se decisões erradas forem tomadas. É claro que o erro faz parte da vida e do aprendizado de todos nós, e para os sábios que saberão aprender com eles, mas não se preparar devidamente é de todos os erros, o mais grosseiro.

Ontem fui um feliz convidado palestrante do curso de Assessoria de Comunicação Musical da PSGM, (olha o merchandising aí gente!) onde pude falar pelos cotovelos sobre o ramo em que trabalho e dividir um pouco da minha experiência com os ouvintes que ali estavam. É tão importante para mim poder falar e ensinar sobre o meu negócio, como ouvir opiniões e experiências alheias. Aprender e se renovar é algo que não tem preço se pensarmos que estamos construindo um profissional melhor.

É bem verdade que temos pouquíssimas opções de cursos especializados em Music Business, mas temos excelentes faculdades de administração, economia, comunicação, direito, entre outras, que na boa, podem ser excelentes bases para se iniciar uma carreira na música. Entretanto, o buraco ainda é mais embaixo e na hora de escolher alguém para gerenciar sua carreira, escolha alguém que tenha tido na vida algum contato com o meio musical. No mínimo, se este amigo do peito quiser te ajudar, que se prepare antes de mergulhar no mar revolto e morrer na praia. Existem cursos locais, livros e algumas boas faculdades no exterior que podem fazer uma boa diferença na hora de se alcançar o sucesso.

O meu trabalho numa gravadora me fez enxergar o quanto é importante ter know how para desenvolver uma carreira. E nem por isso acho que tenho a solução para todos, porque antes de tudo, tem que vir a música, o talento e uma boa dose de carisma, timing e outros fatores colaborativos para quem sabe, chegar lá! Os bons profissionais podem ajudar muito no sucesso de uma carreira, principalmente se o cliente estiver disposto a ouvir, mas como todo negócio de risco, a garantia não existe, assim como a bola de cristal ainda não foi inventada.

Aguardem com paciência o próximo e inté logo!


terça-feira, 27 de abril de 2010

SÓ OS SHOWS SALVAM!?



Tenho visto, ouvido e presenciado em meu dia a dia o sucesso dos shows e dos eventos musicais que se proliferam em vários segmentos musicais. É visível que os eventos de musica sertaneja, se é que ainda podemos chamá-los assim, tem sido os maiores e dominam as festas tanto do interior, quanto das grandes capitais brasileiras.

Aqueles ouvidos que não curtem o novo sertanejo que me desculpem, mas ouvindo com atenção vão descobrir que o formato pop está dominando os arranjos dessa nova safra. E aqueles que ouvirem com mais atenção vão perceber que muitos bons artistas e boas musicas tem se revelado nesse segmento, mas como tudo que peca pelo excesso, o tempo e a seleção natural se encarregarão de preservar os melhores.

Por um lado vejo uma seara de grandes eventos que movimentam grandes valores e me fazem ter orgulho de ser filho de uma pantaneira que ainda jovem tocava sanfona e cantava modinhas e guarânias típicas da beira do rio Paraguai. Por outro, me assusta ver os artistas distribuindo CDs como se fossem meros flyers de divulgação. Todos tem uma boa justificativa para essa largar e farta distribuição, mas nenhuma me parece razoável considerando que estamos dando aquilo que deveríamos valorizar. Se esta regra valesse para outros segmentos teríamos que ter farta distribuição de pães, carros, bebidas, livros e tudo mais que pudéssemos experimentar, levar para casa e quando acabasse ou perdesse a importância, iriam para o lixo. Aliás este tem sido o destino da maioria dos CDs distribuído pelos divulgadores, empresários, contratantes e aqueles que pensam que estão fazendo um grande negócio para seus artistas e para o seu segmento.

A curto prazo é realmente um grande negócio, porque vende shows, faz a musica ser conhecida, decorada e cantada por todos que se interessam em ouvi-la. Entretanto, me parece que estamos todos surdos e insensíveis ao grande mal que essa cadeia distributiva, está causando. A destruição da percepção do valor da musica por aqueles que estão de olho nas massas e no sucesso rápido é a mais grave, pois descarta nas mãos da multidão os seus artistas e suas musicas. No final do show acabam pisoteados por aqueles que nem se dão ao trabalho de ouvir, porque preferem baixar na internet ou não se interessam mesmo.

Essa estória já foi vista e há alguns anos atrás atingiu em cheio o Axé Music, ou como prefiro denominar, o Pop Bahia, que produziu grandes eventos e grandes artistas. Tudo bem que a performance era considerada por muitos como mais importante que a música, mas temos que ter orgulho de um País que produz tantas tendências e estilos. Somos ricos em idéias musicais e artísticas e temos uma cultura em total ebulição, movida por um povo essencialmente criativo. Os eventos de musica baiana continuaram, mas os artistas foram sumindo e os CDs que eram distribuídos em larga escala para promover os shows e as novas bandas, foram exterminando o movimento. Salvaram-se aqueles que investiram e fortaleceram suas carreiras através da constante renovação e evolução de seus repertórios e sonoridade, e porque souberam se preservar respeitando o público conquistado.

Acredito que podemos equilibrar a balança encontrando outros meios de propagação da musica sem torná-la descartável. Primeiro, não vejo porque distribuir 10, 15, 20 musicas já que a grande maioria vai ouvir uma ou duas faixas. Segundo, temos a internet e os grande portais, o celular e as operadoras, os players de musica digital e seus fabricantes e os próprios ingressos dos shows como possibilidades de transporte e distribuição. Hoje é possível inserir um pin number no ingresso para que o pagante tenha direito a ouvir uma ou mais musicas e vídeos do artista. É possível transmitir conteúdo através de uma rede bluetooth, apresentar ações pelo telão, distribuir amostras de outros produtos que tenham conteúdo de áudio e vídeo embarcados. E toda a ação ainda pode ser financiada pelos patrocinadores ou pelos donos do evento. Além disso podemos criar versões exclusivas de uma música para uma primeira audição, tornando a definitiva ainda mais valiosa.

Estou abordando apenas algumas idéias do que já é possível ser feito. Enquanto estou discutindo as possibilidades outras mais atuais estão surgindo, logo, não tenho a pretensão de apontar a solução. É fundamental mostrar que valorizamos a música que fazemos e que uma boa canção depende de muito talento. O artista que conquistou seu espaço e fortaleceu sua marca tem ainda mais facilidade de prospectar e atrair interessados. O problema é que a grande maioria não enxerga o seu próprio potencial. Acha legal ganhar um tênis ou um boné de algum fabricante bacaninha. Alguém já viu piloto de corrida usando macacão ou boné que não fosse cravado de patrocinadores? Mas este é assunto para outro post que farei mais adiante. Agora vou deixar no ar porque o show deve continuar...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Bons Tempos!


Quando comentamos ou ouvimos comentários sobre os bons tempos a tendência é a de remeter ao passado, mas quero iniciar os textos do Sonoros Tempos, no presente, no que está acontecendo agora no grande universo multimídia que é a industria do entretenimento. Afinal somos essa indústria que tanto ouvimos falar? Sim, estou me incluindo nela, mas não a vejo como indústria. Para mim indústria remete a fábrica, a linha de montagem, a repetição de algo que se produz em série. Não fabricamos tampinha de garrafa nem biscoito Tostines, trabalhamos com o imponderável, com os sentimentos, as emoções, e não há repetição na criação por mais que hajam semelhanças.

O artista inventa e deseja conectar com o outro, com o público que está ávido para ouvir, dançar, relaxar, chorar, sorrir e a reagir, cada um do seu jeito, absorvendo a obra do criador. Existe mágica em ouvir a nova canção do artista que admiramos, da sonoridade que nos agrada, da letra que envia uma mensagem direta ao coração. Enfim somos os produtores, os propagadores da arte dos artistas que precisam dos empreendedores, para escoar a sua concepção. Então os bons tempos se foram? Não, os bons tempos continuam, e a música, tema principal do Sonoros Tempos vai muito bem, obrigado. Nunca se criou tanto, com tantas opções e ferramentas para que um número cada vez maior de pessoas tenham acesso, e a oportunidade de ouvir os criadores . O que mudou então? Porque só falamos em crise, prejuízo, e o fim do vinil, do tape, do CD e de outras mídias. As mídias que supostamente desapareceram e as novas andam convivendo pela preferência de cada um. Nessa nova era de usuários, aprenderemos a conviver e a conhecer cada vez mais os novos formatos, os novos aparelhos que irão transportar fisicamente ou virtualmente a produção áudio visual.

Somos multi mídia, multi tarefa, multi tudo, e estamos ingressando numa era onde todos os formatos estarão convivendo pacificamente. Não existe o fim que é diariamente anunciado nas mídias que deveriam estar enaltecendo suas companheiras. Somos todos críticos e entendedores desse processo, mas tenho uma nova proposta aqui. Quero ouvir, discutir e pensar em soluções e observar que muitas oportunidades já estão surgindo dentro do nosso mercado.

Já que estamos falando do tempo, há alguns anos, não vou dizer quantos porque não sou nenhum Matusalém, conheci uma figura notória do meio musical, o produtor Robert Cutarella, que para quem não sabe, foi diretor de aquisição de talentos da Warner Chappell Music, onde trabalhou com Eric Clapton, The BeeGees, Pink Floyd, the Police e Elton John, só para situar o cara. Nessa época ele estava abrindo sua própria companhia e pretendia vender digitalmente os fonogramas produzidos em seu novo empreendimento. Juntou alguns cérebros mais jovens com o capital do pessoal da bolsa de Nova York e saiu em campo. Na época tudo isso parecia um grande delírio, e de fato, mais tarde se confirmou que o seu sonho dependia de uma série de ferramentas que não estavam disponíveis naquele momento.

O Napster acabara de surgir (ooops, agora já dá para calcular) e praticamente todos que produziam e lançavam música entraram num estranho estado de pânico. Eu, que não fazia parte do grupo de abastados, mas sim dos jovens sonhadores achava tudo aquilo fantástico, e não conseguia entender qual era o problema. Todos falavam no fim dos direitos autorais, da venda de música e de como deveriam lidar com aquele furacão que surgiu repentinamente na web. Na verdade tudo aquilo para mim parecia ser uma grande oportunidade de multiplicar a distribuição da música, e não conseguia acreditar no apocalipse que os executivos viam.

Bob, italiano mezzo artista, mezzo mafioso, que aquela altura era meu chapa, também enxergava um mundo de oportunidades, mas como muitos outros, não sabia como tornar esse negócio rentável. Ora, vamos aqui pensar, experimentar e iniciar um primeiro debate. Se naquela época ao invés de entrar em pânico os executivos tivessem aproveitado para entrar num acordo com o Shawn Fanning, criador do Napster, hoje as coisas poderiam estar bem diferentes. Imagine que os usuários da web e seus computadores poderiam se tornar, cada um, num potencial vendedor de música, e não distribuidor ilegal, como foram tratados na época.

Era muito mais uma questão de regulamentar, organizar e reconhecer o Napster como um parceiro dos distribuidores de música remunerando com uma pequeníssima parcela (algo como 0,01%) cada usuário provedor, que estaria assim participando do bolo. É claro que a receita não era tão simples nem aparentemente tão fácil de resolver, mas faltou calma e discernimento as cabeças pensantes daquela época.


O negócio é que "se" não resolve nada e não estou aqui olhando para trás. Temos que arregaçar as mangas e buscar as soluções. Muitas formas novas de negócio estão surgindo para ocupar o espaço que um dia foi do disco. Saberemos acompanhar essa transformação? Gostaria que todos se incluíssem nesse cenário, porque todos estamos sofrendo com as mudanças e as saídas repentinas que podem parecer viáveis, mas ainda não houve artista surgido na internet que tenha se consolidado nesse mercado, sem o maciço investimento em outros meios.

Imaginem que a música é de todos os "produtos" um dos únicos que pode ser distribuído virtualmente e sua mensagem pode atingir um número gigante de pessoas, se bem propagada. Não dá para distribuir garrafa pet pela rede dá? Mas a música chega lá nos ouvidos e corações das pessoas, levando sua mensagem, seu conceito e gerando emoção. O artista quando bem desenvolvido e consolidado não representa apenas um ídolo das massas, mas uma marca forte dentro de um mercado em que as marcas levam anos para conseguir estabelecer uma conexão com seus consumidores. Por anos e anos a produção de música não foi vista numa ótica mais abrangente onde pudéssemos desenvolver todo o seu potencial. É claro que o foco era outro, mas os males vem para sacudir a poeira e dar a volta por cima!

Ainda estamos vivendo esse momento de transição e se soubermos construir o presente com a agilidade que o tempo exige, tenho a impressão que o futuro será generoso com
nosotros e que as portas da esperança se abrirão para um novo "bons tempos".

Sejam todos bem vindos à reflexão e ao
Sonoros Tempos!