Tenho visto, ouvido e presenciado em meu dia a dia o sucesso dos shows e dos eventos musicais que se proliferam em vários segmentos musicais. É visível que os eventos de musica sertaneja, se é que ainda podemos chamá-los assim, tem sido os maiores e dominam as festas tanto do interior, quanto das grandes capitais brasileiras.
Aqueles ouvidos que não curtem o novo sertanejo que me desculpem, mas ouvindo com atenção vão descobrir que o formato pop está dominando os arranjos dessa nova safra. E aqueles que ouvirem com mais atenção vão perceber que muitos bons artistas e boas musicas tem se revelado nesse segmento, mas como tudo que peca pelo excesso, o tempo e a seleção natural se encarregarão de preservar os melhores.
Por um lado vejo uma seara de grandes eventos que movimentam grandes valores e me fazem ter orgulho de ser filho de uma pantaneira que ainda jovem tocava sanfona e cantava modinhas e guarânias típicas da beira do rio Paraguai. Por outro, me assusta ver os artistas distribuindo CDs como se fossem meros flyers de divulgação. Todos tem uma boa justificativa para essa largar e farta distribuição, mas nenhuma me parece razoável considerando que estamos dando aquilo que deveríamos valorizar. Se esta regra valesse para outros segmentos teríamos que ter farta distribuição de pães, carros, bebidas, livros e tudo mais que pudéssemos experimentar, levar para casa e quando acabasse ou perdesse a importância, iriam para o lixo. Aliás este tem sido o destino da maioria dos CDs distribuído pelos divulgadores, empresários, contratantes e aqueles que pensam que estão fazendo um grande negócio para seus artistas e para o seu segmento.
A curto prazo é realmente um grande negócio, porque vende shows, faz a musica ser conhecida, decorada e cantada por todos que se interessam em ouvi-la. Entretanto, me parece que estamos todos surdos e insensíveis ao grande mal que essa cadeia distributiva, está causando. A destruição da percepção do valor da musica por aqueles que estão de olho nas massas e no sucesso rápido é a mais grave, pois descarta nas mãos da multidão os seus artistas e suas musicas. No final do show acabam pisoteados por aqueles que nem se dão ao trabalho de ouvir, porque preferem baixar na internet ou não se interessam mesmo.
Essa estória já foi vista e há alguns anos atrás atingiu em cheio o Axé Music, ou como prefiro denominar, o Pop Bahia, que produziu grandes eventos e grandes artistas. Tudo bem que a performance era considerada por muitos como mais importante que a música, mas temos que ter orgulho de um País que produz tantas tendências e estilos. Somos ricos em idéias musicais e artísticas e temos uma cultura em total ebulição, movida por um povo essencialmente criativo. Os eventos de musica baiana continuaram, mas os artistas foram sumindo e os CDs que eram distribuídos em larga escala para promover os shows e as novas bandas, foram exterminando o movimento. Salvaram-se aqueles que investiram e fortaleceram suas carreiras através da constante renovação e evolução de seus repertórios e sonoridade, e porque souberam se preservar respeitando o público conquistado.
Acredito que podemos equilibrar a balança encontrando outros meios de propagação da musica sem torná-la descartável. Primeiro, não vejo porque distribuir 10, 15, 20 musicas já que a grande maioria vai ouvir uma ou duas faixas. Segundo, temos a internet e os grande portais, o celular e as operadoras, os players de musica digital e seus fabricantes e os próprios ingressos dos shows como possibilidades de transporte e distribuição. Hoje é possível inserir um pin number no ingresso para que o pagante tenha direito a ouvir uma ou mais musicas e vídeos do artista. É possível transmitir conteúdo através de uma rede bluetooth, apresentar ações pelo telão, distribuir amostras de outros produtos que tenham conteúdo de áudio e vídeo embarcados. E toda a ação ainda pode ser financiada pelos patrocinadores ou pelos donos do evento. Além disso podemos criar versões exclusivas de uma música para uma primeira audição, tornando a definitiva ainda mais valiosa.
Estou abordando apenas algumas idéias do que já é possível ser feito. Enquanto estou discutindo as possibilidades outras mais atuais estão surgindo, logo, não tenho a pretensão de apontar a solução. É fundamental mostrar que valorizamos a música que fazemos e que uma boa canção depende de muito talento. O artista que conquistou seu espaço e fortaleceu sua marca tem ainda mais facilidade de prospectar e atrair interessados. O problema é que a grande maioria não enxerga o seu próprio potencial. Acha legal ganhar um tênis ou um boné de algum fabricante bacaninha. Alguém já viu piloto de corrida usando macacão ou boné que não fosse cravado de patrocinadores? Mas este é assunto para outro post que farei mais adiante. Agora vou deixar no ar porque o show deve continuar...
Aqueles ouvidos que não curtem o novo sertanejo que me desculpem, mas ouvindo com atenção vão descobrir que o formato pop está dominando os arranjos dessa nova safra. E aqueles que ouvirem com mais atenção vão perceber que muitos bons artistas e boas musicas tem se revelado nesse segmento, mas como tudo que peca pelo excesso, o tempo e a seleção natural se encarregarão de preservar os melhores.
Por um lado vejo uma seara de grandes eventos que movimentam grandes valores e me fazem ter orgulho de ser filho de uma pantaneira que ainda jovem tocava sanfona e cantava modinhas e guarânias típicas da beira do rio Paraguai. Por outro, me assusta ver os artistas distribuindo CDs como se fossem meros flyers de divulgação. Todos tem uma boa justificativa para essa largar e farta distribuição, mas nenhuma me parece razoável considerando que estamos dando aquilo que deveríamos valorizar. Se esta regra valesse para outros segmentos teríamos que ter farta distribuição de pães, carros, bebidas, livros e tudo mais que pudéssemos experimentar, levar para casa e quando acabasse ou perdesse a importância, iriam para o lixo. Aliás este tem sido o destino da maioria dos CDs distribuído pelos divulgadores, empresários, contratantes e aqueles que pensam que estão fazendo um grande negócio para seus artistas e para o seu segmento.
A curto prazo é realmente um grande negócio, porque vende shows, faz a musica ser conhecida, decorada e cantada por todos que se interessam em ouvi-la. Entretanto, me parece que estamos todos surdos e insensíveis ao grande mal que essa cadeia distributiva, está causando. A destruição da percepção do valor da musica por aqueles que estão de olho nas massas e no sucesso rápido é a mais grave, pois descarta nas mãos da multidão os seus artistas e suas musicas. No final do show acabam pisoteados por aqueles que nem se dão ao trabalho de ouvir, porque preferem baixar na internet ou não se interessam mesmo.
Essa estória já foi vista e há alguns anos atrás atingiu em cheio o Axé Music, ou como prefiro denominar, o Pop Bahia, que produziu grandes eventos e grandes artistas. Tudo bem que a performance era considerada por muitos como mais importante que a música, mas temos que ter orgulho de um País que produz tantas tendências e estilos. Somos ricos em idéias musicais e artísticas e temos uma cultura em total ebulição, movida por um povo essencialmente criativo. Os eventos de musica baiana continuaram, mas os artistas foram sumindo e os CDs que eram distribuídos em larga escala para promover os shows e as novas bandas, foram exterminando o movimento. Salvaram-se aqueles que investiram e fortaleceram suas carreiras através da constante renovação e evolução de seus repertórios e sonoridade, e porque souberam se preservar respeitando o público conquistado.
Acredito que podemos equilibrar a balança encontrando outros meios de propagação da musica sem torná-la descartável. Primeiro, não vejo porque distribuir 10, 15, 20 musicas já que a grande maioria vai ouvir uma ou duas faixas. Segundo, temos a internet e os grande portais, o celular e as operadoras, os players de musica digital e seus fabricantes e os próprios ingressos dos shows como possibilidades de transporte e distribuição. Hoje é possível inserir um pin number no ingresso para que o pagante tenha direito a ouvir uma ou mais musicas e vídeos do artista. É possível transmitir conteúdo através de uma rede bluetooth, apresentar ações pelo telão, distribuir amostras de outros produtos que tenham conteúdo de áudio e vídeo embarcados. E toda a ação ainda pode ser financiada pelos patrocinadores ou pelos donos do evento. Além disso podemos criar versões exclusivas de uma música para uma primeira audição, tornando a definitiva ainda mais valiosa.
Estou abordando apenas algumas idéias do que já é possível ser feito. Enquanto estou discutindo as possibilidades outras mais atuais estão surgindo, logo, não tenho a pretensão de apontar a solução. É fundamental mostrar que valorizamos a música que fazemos e que uma boa canção depende de muito talento. O artista que conquistou seu espaço e fortaleceu sua marca tem ainda mais facilidade de prospectar e atrair interessados. O problema é que a grande maioria não enxerga o seu próprio potencial. Acha legal ganhar um tênis ou um boné de algum fabricante bacaninha. Alguém já viu piloto de corrida usando macacão ou boné que não fosse cravado de patrocinadores? Mas este é assunto para outro post que farei mais adiante. Agora vou deixar no ar porque o show deve continuar...
Daniel,
ResponderExcluirFrequentemente eu venho defendendo a idéia de que o formato CD esta morto, é algo obsoleto e que hoje é coisa de colecionador, quem tem tempo de ficar em casa ouvindo musica acaba comprando o cd, no demais é algo que só atrapalha, no dia- a-dia corrido de cada um um mp3 resolve bem a questão e não falo só de comodidade e sim de investimento, carros saem de fabrica com rádio mp3 na faixa, todos de baixa qualidade, um mp3 de 128kbps ou um de 320kbps dá na mesma, quem faz musica preza qualidade quem escuta na sua grande maioria prefere praticidade...eu concordo que uma grande gravadora ou um grande produtor preze pela venda e insista no formato CD afinal isso é o ganha pão deles, é a forma de mostrar seu trabalho...mas pq insistir no cd, a idéia de vender musica na internet é boa, mas perigosa, um compra 10 copiam e assim vai..no meu blog eu sou um defensor do mundo digital eu acredito que cada vez mais as coisas vão diminuir de tamanho..vide as novas mesas digitais que estão saindo agora... fazem tudo até ilimunação, tem seus bugs e tal, coisas que serão resolvidas em sua maioria em uma atualização de software...mas já reduzem a qtd de equipamento necessaria a ser usada em um show... pra show internacional então nem se fala...trabalhei muito tempo com transportes internacionais...sei qto isto afeta o custo de um show...ao invés de investir na musica no celular pq não investir em um celular com qualidade e recursos..pq não fazer uma pareceria com um fabricante de celular e criar o modelo de um determinado artista.,.... não to falando pegar um modelo simples e colocar musica dentro..criar algo diferenciado com design que remeta a idéia do artista..e quem tiver este celular ganha desconto em show da banda por um determinado periodo....pq não criar um aplicativo que capture determinados momentos de um show e quem esta lá assistindo posa levar pra casa no mesmo dia...pra captar aquela emoção que só um show ao vivo faz.... todos sabem que um show ao vivo não é igual ao outro...pq não disponibilizar na net as sessões multitracks de gravação de uma banda, além de dar uma maior divulgação incentiva o nascimento de outros artistas, produtores etc e tal....lembra de um LP do Balão mágico que dava um cheque de Cr$ 5,00 na nossa caixa pra quem comprasse o LP...apenas o lp... fazer algo assim..algo novo que gere uma revolução no mercado....existem diversas formas de ganhar e valorizar o artista...basta ter coragem de ser o primeiro a fazer... pois certas coisas uma vez feita não tem como se voltar atrás. Eu vejo a Disney hoje como a empresa que mais consegue se dar bem no ramo.. ela linka tudo de uma forma que a pirataria gera um prejuizo pequeno comparado com o que ela ganha nos demais eventos....
grande abraço
Cic's Melo
Desculpe a minha ortografia pq o meu computador nao tem a acentuacao. :-)
ResponderExcluirAchei muito interessante o texto, assim como as colocacoes feitas no comentario acima. Eu acho que o modelo de negocios da industria fonografica tem de mudar completamente. O assunto e' tao amplo que pode dar uma enciclopedia! Desde ja' a musica passa a interagir com um numero gigante de possibilidades. Tantos, que ainda estamos aprendendo novas maneiras de lucrar com ela. Como artista experiente e homem de negocios, vou focar esse meu primeiro comentario no desenvolvimento artistico.
Na minha opiniao, nao so' o modelo como a relacao das gravadoras com seus artistas e por tabela com seus fans e patrocinadores tem de mudar. As gravadoras tem de deixar pra tras a ideia de que seu faturamento vira' apenas da venda de musica em CD e internet e passar pro ramo da venda de experiencias e desenvolvimento artistico.
Ao observar a cena musical atual percebe-se um baixissimo indice de inovacao e renovacao nos ambitos artistico e musical. A musica brasileira muda e se renova a indices muito abaixo de outros mercados. Isso ocorre de modo predatorio e o nosso mercado esta cada vez mais voltado para si e menos conectado com o mundo! A maior parte dos artistas bem sucedidos de hoje ja eram bem sucedidos a 20 anos atras e pouquissimos artistas novos entraram e vingaram nesse mercado tao hostil `a inovacao e renovacao. No cenario atual artistas bem sucedidos e com carreira estavel precisam cada vez menos de gravadoras que ja nao tem um alto poder de investimento, partindo cada vez mais pra outros modelos de negocio.
Festas regionais bem organizadas e estruturadas, amparadas por redes de empresarios locais garantem o surgimento de artistas atraves de estilos musicais de raiz via fortalecimento da pirataria e do desdem ao modelo antigo, `a legalidade e `a propriedade privada. O que de maneira nefasta coibe e enfraquece o mercado fonografico nacional, fortalecendo a area de eventos, mas enfraquecendo o artista e a renovacao musical. Isso faz com que ocorra uma involucao da musica brasileira. Assim sendo, o sistema atual acaba fazendo com que a musica "Made in Brazil" seja cada vez menos atraente em escala global!
O enfraquecimento do antigo modelo engessa as gravadoras o que faz com que artistas consagrados as abandonem. Isso pode fazer sentido pra grandes nomes da musica nacional e internacional, no entanto o futuro do lucro das corporacoes esta em artistas que representem um novo modelo. Mas aonde estao esses artistas? A grande maioria ja existe na cena, mas nao existem pro grande mercado. Ai que jaz o pulo do gato.
ResponderExcluirCabera' `as gravadoras o desenvolvimento desses artistas e o seu preparo pro mercado. O papel das gravadoras tem de mudar. Essa mudanca e' fundamental pra transformacao de toda a cadeia produtiva de nossa industria. Antes de um alto investimento em marketing ha de se criar mecanismos de selecao artistica atraves do contato direto artista-fans, como shows, mailings ao banco de dados que gravadoras podem criar atraves do cadastro de publico em seus eventos, redes de relacionamento, festas tematicas desenvolvidas por gravadoras etc. As gravadoras terao de investir pesado no desenvolvimento artistico e criar experiencias de acordo com o estagio de desenvolvimento artistico de cada artista. A competicao sera implacavel, porem o resultado final sera artistas de melhor qualidade, maior lucro e mais renovacao musical, mais empregos e acima de tudo mais possibilidades.
O sucesso de reality shows como X-factor, American Idol e seus similares e' um indicador dessa tendencia. No entanto esses shows exploram apenas um aspecto comoposto dentro spectrum artistico a "interpretacao e voz" e o grande artista vem de uma combinacao muito mais complexa do que a explorada nesses reality shows. A carreira curta de muitos artistas que vieram de reality shows e' um sintoma da falta de desenvolvimento artistico aliada a uma rejeicao do publico e da industria a ex-participantes desse tipo de show. Felizmente a musica e' muito maior do que um show de talentos.
Aos mais aptos, aos mais prontos, cabe uma nova fase desse novo modelo. A venda de experiencias. No novo modelo a gravadora passa a ser uma indutora de divulgacao atraves de sincronizacao de varias midias. Artistas selecionados pelo publico via eventos, passam a receber verba de marketing, pra melhoria de todos os aspectos da carreira pois ja tem seu publico formado. De eventos coletivos passam a fazer eventos em que seu nome por si so' chame publico.
Ao grande artista desse novo modelo podem ser agregados outros do mesmo estilo ou de varios estilos diferentes num banco de musica. A musica sai do cd e passa a estar presente em tudo!!!
O marketing das INDUTORAS (ex gravadoras) passa a colocar sua musica via download em cartoes ou codigos que possibilitam o download em tudo. Etiquetas de roupa, sapatos, brinquedos, comida. Os relacionamentos serao chave pro sucesso e sobrevivencia da musica. Os direitos autorais terao de ser preservados aos extremo! Aos artistas mais aptos e populares podem ser criadas acoes e parcerias entre os mesmos e diversas marcas de um modo que funda varias midias. Em todas as etapas do processo la estarao presentes as INDUTORAS.
ResponderExcluirO lucro entao passa a nao vir apenas da venda de discos, passa a vir da sincronizacao, dos shows, de eventos, de ganhos com imagem, da fusao e sincronizacao com outras midias, merchandsing, linhas de produtos. A riqueza de musica passa a vir de teias de relacionamentos entre empresas desencadeada pela musica dos mais aptos e induzida pelas Gravadoras ou indutoras.
O ganho de escala da musica nacional e de artistas nacionais passa pelo preparo destes artistas pro mercado externo. Isso fara com que esses artistas compitam globalmente de igual pra igual com grandes artistas em nivel mundial. Infelizmente 99,99% dos artistas brasileiros estao despreparados para isso. Artistas do mundo inteiro estao fazendo o crossover pro mercado global, cantado em "ingles" que seria o passo final do processo indutor global, mas isso e assunto pra um outro texto!!!!
Rodrigo
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